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a morada andarilha dos livros de artista

e suas andanças

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A M.A.L.A. - Morada Andarilha de Livros de Artista - nasceu do desejo de proporcionar uma aproximação mais estreita ao universo múltiplo dos livros de artista. Neles, imagens, fotografias, desenhos, escritos, mapas, grafismos, entre outros elementos, ocupam páginas, delineando espaços construtivos e narrativas visuais que desafiam nossa compreensão habitual em relação aos livros convencionais. Isso nos leva à indagação: afinal, quais possibilidades o livro oferece como suporte para expressão artística?

Para tentar responder a essa pergunta, idealizamos uma residência artística focada no aprofundamento de processos criativos e no desenvolvimento de projetos individuais. Tem também como objetivo, explorar as temáticas subjacentes à produção artística e construir um eixo que permeie essas questões, fornecendo orientação e referências com o intuito de ampliar o repertório poético visual em suas possibilidades híbridas e interativas. Isso possibilitará o amadurecimento de uma linguagem pessoal, integrada aos conteúdos pertinentes à realidade sensorial e subjetiva de cada participante.

Todos os participantes serão estimulados a concluir a elaboração de um livro de artista, o qual será transportado na 'mala' rumo a uma exposição internacional. Nessa primeira edição, teremos uma exposição na Cidade do México, no Centro Cultural El Rule, durante a Feira Internacional do Livro (FIL) do Zócalo, em outubro de 2024, e outra em São Paulo, na Galeria Página, em novembro de 2024.

deslocamentos: olhares contemporâneos

nosso tema de 2024

Para esta primeira edição, propomos um tema intrinsecamente ligado à concepção deste projeto: o deslocamento no espaço e no tempo. Nossa 'bagagem' especial de livros terá como "motus" inspirador o rico território de associações, alusões e ressignificações proporcionadas pela vasta obra de Guimarães Rosa.

Citando um trecho de 'Grande Sertão Veredas': 'Eu não gostava muito de cintilâncias, o que via, via no mundo eu mesmo. Eu tinha uma bolsa, que não era bem de viagem, nem de pastas, e sim uma bolsa de garupa, minha mala de jeito vadio.' Nesta passagem, Riobaldo habilmente descreve sua mala como algo flexível, transitório, um artefato de sua garupa, simultaneamente meio cheia e meio vazia. Com essa ambiguidade, ao longo da narrativa, ele nos conduz por territórios que não se limitam a meros movimentos geográficos físicos através do sertão, mas exploram também espaços repletos de incertezas e estranhamentos, representando uma exploração dos limites e contradições internas de sua personalidade.

Este breve trecho, que nos traz a 'mala de jeito vadio', inspira-nos e suscita diversas perguntas, tais como: o que desejamos genuinamente levar e compartilhar com os outros? Quais reflexões pretendemos instigar para promover um olhar mais crítico sobre a sociedade com os nossos trabalhos?

Com o objetivo de estimular novos olhares e diálogos, esperamos que este tema funcione como um gatilho narrativo, permitindo a cada um de nós criar histórias e possibilidades estéticas únicas, conferindo expressividade poética singular a elas.

Fica aqui o convite para explorar novos territórios, sejam eles geográficos ou simbólicos, e que a M.A.L.A., acompanhada dos livros, possa não apenas transformar estranhamentos em diálogos, mas também converter incertezas em descobertas, despertando novas perspectivas e narrativas em nosso percurso artístico.

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